Lavras da Mangabeira

Dicas incríveis da Cidade

Sobre a Cidade:

Lavras da Mangabeira é um município brasileiro do estado do Ceará. Localiza-se na microrregião de Lavras da Mangabeira, mesorregião do Centro-Sul Cearense. O município tem cerca de 31 mil habitantes e 993 km².

Etimologia

O nome Lavras da Mangabeira se deve às históricas “lavras”, referência à atividade de mineração na região do município, e ao local aonde o trabalho foi realizado, Mangabeira, que por sua vez tem seu nome advindo da árvore mangabeira (Hancornia speciosa) que é comum na região.

História

Suas origens remontam ao início do século XVIII, quando na região das Minas de São José dos Cariris Novos (atual município de Missão Velha) estabeleceu-se a febre do ouro, abrangendo vastas extensões de terra, alcançando o atual território do município de Lavras da Mangabeira, onde se concentrou de forma mais abundante a extração e a lavagem do ouro, tanto que, em 1712, o governo de Pernambuco passou a se interessar pela extração do minério, constituindo, em 1751, a primeira expedição para a exploração do ouro, que para ali atraía a cobiça dos aventureiros, no aglomerado urbano que recebeu inicialmente o nome de São Gonçalo das Lavras e, posteriormente, São Vicente das Lavras, nomeando-se o Sargento-Mor Jerônimo Mendes da Paz para cobrança do quinto e manutenção da ordem, visto haverem inquietações nas cercanias das minas.

Verificaram-se, então, diversos conflitos de interesses. Em 1752, acompanhado do ouvidor Proença de Lemos, o Capitão-Mor do Ceará, Luís Quaresma Dourado, estabeleceu-se às margens do rio Salgado, fixando, de forma efetiva, o Governo da Capitania e a Jurisdição sobre as minas de ouro na primitiva Povoação de São Vicente das Lavras, ali permanecendo até 1754, segundo diversos historiadores, entre eles Dimas Macedo, no seu livro Ensaios e Perfis (Fortaleza, Editora Premius, 2004). Essas aventuras auríferas se fizeram, entre outros, nos sítios Fortuna, Oiteiro, Barreiros e Morros Dourados e, especialmente, no lugar denominado Boqueirão de Lavras. Várias prospecções se realizaram, porém em vão, uma vez que a extração de referido minério se tornou onerosa às Cortes de Lisboa, que determinaram a sua suspensão, em 1758. Quaresma Dourado retornou então a Fortaleza com a sua comitiva, quando já era Governador da Capitania Francisco Xavier de Miranda Henriques, regressando posteriormente a Lavras, onde fixou residência no atual distrito de Amaniutuba, ali deixando alguns descendentes, contando-se entre eles o escritor, advogado e jornalista Francisco Francílio Dourado (1924-2001).

Vila de São Vicente das Lavras

Nos anos seguintes, a Povoação de São Vicente Ferrer foi assumindo a feição de burgo promissor, com acentuado crescimento populacional, até atingir a condição de Vila, criada por Resolução Régia de 20 de maio de 1816, estabelecendo-se então a sua condição política de município autônomo, desmembrado da Jurisdição do Icó, com a denominação de Vila de São Vicente das Lavras, vindo a instalar-se a 8 de janeiro de 1818, oportunidade em que foi levantado o Pelourinho, símbolo máximo da autonomia municipal. A Vila de São Vicente das Lavras foi elevada à categoria de cidade através da lei nº 2.075, de 20 de agosto de 1884.

Vida eclesiástica

A formação eclesiástica de Lavras da Mangabeira fez-se de forma pioneira em relação à sua autonomia política. A Freguesia foi criada como desmembramento da freguesia do Icó, situada em terreno próprio e constante de meia légua de terras na margem esquerda do rio Salgado. Essa situação permaneceu até 30 de agosto de 1813, oportunidade em que se deu o respectivo desmembramento, por ato do Bispado de Pernambuco, instituindo-se então a Paróquia de Lavras da Mangabeira, sob a invocação de São Vicente de Ferrer, sendo seu primeiro vigário o padre José Joaquim Xavier Sobreira, nascido no sítio Logradouro daquele município em 1777 e falecido em sua terra de berço em 1827, segundo o historiador Joaryvar Macedo, no seu opúsculo Lavras da Mangabeira – dos Primórdios a Vila (1981), trabalho originalmente publicado na Revista do Instituto do Ceará. Seu vigário atual é o padre Benedito Evaldo Alves, que tem dado aos seus paroquianos e à paróquia de Lavras indiscutível impulso pastoral e eclesiástico.

Filhos ilustres

Lavras da Mangabeira destaca-se no cenário cultural do Ceará como município onde nasceram muitos filhos ilustres, que a projetaram no plano estadual, nacional e internacional, contando-se entre eles Nonato Luiz, considerado pela crítica um dos maiores violonistas do Brasil, com temporadas e shows assegurados em diversos países da Europa; o monge beneditino e pintor de renome internacional, Bruno Pedrosa; os escritores Joel Linhares e Josaphat Linhares; o poeta e educador Filgueiras Lima; o historiador ex-secretário de Cultura do Ceará, Joaryvar Macedo; o poeta e ensaísta Linhares Filho; o romancista João Clímaco Bezerra; o poeta, contista e ensaísta Batista de Lima; o poeta, jurista e crítico literário Dimas Macedo, todos integrantes da Academia Cearense de Letras. Lavras é também a terra da artista plástica Sinhá D’Amora, formada pela Academia Nacional de Belas Artes e uma das maiores expressões da pintura brasileira do Século XX.

São também naturais de Lavras da Mangabeira o deputado federal, Eunício Oliveira, ex-Ministro das Comunicações no primeiro governo do presidente Lula; o advogado criminalista especialista em Ciências Penais, Dr. José Cícero Ricarte Vieira; o deputado estadual, Heitor Férrer; os ex-deputados e ex-senadores da República, Almir Santos Pinto e Vicente Férrer Augusto Lima; o ex-ministro da Guerra do Império, Raimundo Ferreira de Araújo Lima, e o ex-ministro do Interior do Governo do Presidente Castelo Branco e ex-diretor da Organização dos Estados Americanos-OEA, João Gonçalves de Souza; o ex-senador da República e ex-Governador do Estado de Mato Grosso, Vicente Bezerra Neto, e o ex-ministro e ex-presidente do Superior Tribunal do Trabalho Hylo Bezerra Gurgel. Ainda no campo da política, é de se destacar os nomes dos Coronéis Onório Correia Lima e Raimundo Augusto Lima e, de forma mais acentuada, o nome do Coronel Gustavo Augusto Lima e do seu irmão, Ildefonso Corrêa Lima, políticos de destaque durante a República Velha e ambos ex-vice-Governadores do Ceará; e, acima de tudo, a figura da grande matrona do coronelismo do Nordeste, Dona Fideralina Augusto Lima, que inspirou o romance Memorial de Maria Moura, de Rachel de Queiroz.

Lavras da Mangabeira é também a pátria de Melquíades Pinto Paiva, uma das maiores autoridades mundiais no campo da Psicultura, e dos Engenheiros Agrônomos, professores-doutores Gustavo Augusto Lima e Prisco Bezerra, que se destacaram como pesquisadores e professores de nomeada, com vasta produção científica no campo de sua especialidade.

Hino

Lavras do amor dos teus filhos
Vives de bençãos coberta,
E esse teu sol de áureos brilhos
Para a glória nos alerta.

Teu passado de lutas e penas
É penhor de inconteste grandeza
Afagamos-te no íntimo, acenas
Para o eterno, em mil sonhos acesa.

De ti sempre queremos ser dignos
Para em festa cantar-te louvores
Não te abalem jamais os malignos
Turbilhões de maus tempos e horrores.

Se teu Rio Salgado nos banha
És a fonte que sempre sacia
Teu encanto tem a força tamanha
Que nos dá, para alçar-te energia.

Impedir o teu nobre destino
Força vil e cruel nunca possa
Do Ceará sê clarão matutino
E que nunca esqueçamos que és nossa.

Cornucópia dourada de seres,
Os teus dons nos formaram o ser
Com ardor, com que o peito nos feres
Prometemos florir teu viver.

Molítico grito propagas
Pela boca do teu boqueirão
É o Amor o que pregam as fragas
O que pregam a toda lavrão.

Letra – Linhares Filho
Música – Dalva Stela

Caracterização geográfica

Posição e extensão

Situação geográfica
Coordenadas geográficas:
Latitude(S) 6º 45' 12"
Longitude(WGr)38º 58' 18"
Localização:Sul
Municípios limítrofes
Norte: Umari,Icó,Cedro 
Sul: Caririaçu, Aurora 
Leste: Aurora, Ipaumirim, Baixio, Umari 
Oeste: Cedro, Várzea Alegre, Granjeiro
Fonte: IBGE/IPECE.
Medidas territoriais
ÁREA:
Absoluta (km²):947,95
Relativa (%): 0,64
Altitude (m): 239 
Distância em linha reta a Capital(km)338,0
Fonte: IBGE/IPECE.

Características ambientais

Aspectos climáticos
CLIMA: Tropical Quente Semi-árido Brando e Tropical Quente Semi-árido
PLUVIOSIDADE (mm): 866,4
TEMPERATURA MÉDIA (C°): 26° a 28º
PERÍODO CHUVOSO: janeiro a abril
Fonte: FUNCEME/IPECE.
Componentes ambientais
Relevo:Depressões Sertanejas
Solo: Bruno não Cálcico, Podzólico, Vermelho-Amarelo e Solos Litólicos
Vegetação: Caatinga Arbustiva Aberta, Caatinga Arbustiva Densa, Floresta Caducifólia Espinhosa e Floresta Mista Dicotillo-Palmácea
Fonte: FUNCEME/IPECE.

Divisão político-administrativa

Divisão territorial
CÓDIGOS   | DISTRITOS            | ANO DE CRIAÇÃO 
230750205 | Lavras da Mangabeira | 1816 
230750210 | Amaniutuba           | 1933 
230750215 | Arrojado             | 1933 
230750220 | Iborepi              | 1933 
230750225 | Mangabeira           | 1933 
230750230 | Quitaiús             | 1933
Fonte: IBGE/IPECE.
Regionalização
Região Administrativa: 17
Macrorregião de Planejamento: Cariri Centro-Sul
Mesorregião: Centro-Sul Cearense
Microrregião: Lavras da Mangabeira
Fonte: IBGE/IPECE.

A Igreja

A Igreja Matriz de Lavras da Mangabeira tem como padroeiro São Vicente Férrer. A criação da Freguesia de São Vicente Férrer de Lavras foi no dia 30 de agosto de 1813, desmembrada do Icó. Era filial da Freguesia de Nossa Senhora da Expectação. O patrimônio da Freguesia é de meia légua de terra do lado do rio Salgado, em que fica situada a Matriz, pertencendo-lhe desde o Riacho da Pendência até a Caiçara. Desmembram-se dela a Freguesia de São Raimundo Nonato de Várzea Alegre, de acordo com a Lei nº 1.076, de 30 de novembro de 1863; parte da Freguesia de São Pedro do Crato, de acordo com a Lei nº 1.362, de 9 de novembro de 1870; a Freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Umari, conforme a Lei nº 1.686, de 2 de setembro de 1875, que somente a 18 de agosto de 1882 foi executada canonicamente. Por fim, desmembrou-se grande parte da freguesia do Menino Jesus de Aurora, instituída por Ato do Bispo D. Joaquim José Vieira, de 27 de junho de 1893. As vilas de Quitaiús e Mangabeira que pertencem ao município de Lavras constituem cada uma, paróquia independente. A primeira de Nossa Senhora do Rosário e a segunda de São Sebastião.

A Freguesia teve como primeiro vigário o reverendo Padre José Joaquim Xavier Sobreira, lavrense, filho do Capitão-Mor e Comandante Geral da Vila de São Vicente Férrer das Lavras, Francisco Xavier Ângelo e sua primeira mulher, Ana Rita de São José, irmão de pai e mãe do vigário coadjutor em Lavras, Padre Cosme Francisco Xavier Sobreira e Padre Francisco Xavier Gonçalves Sobreira. De 1814 a 1823, foi vigário Colado, ajudado pelos pró-párocos Padre João Correia da Costa Sobreira, José Felipe da Cunha e Cosme Francisco Xavier Sobreira e Joaquim de Figueiredo Arnaud. De 1824 a 1830, fica a frente da Freguesia de São Vicente Férrer, o Vigário encomendado, Padre Antônio José Ribeiro. De 1830 a 1831, Padre Alexandre Francisco Cerbelon Verdeixa, Vigário encomendado (Batizou Fideralina Augusto Lima). De 1831 a 1832, Padre Manoel Joaquim Aires do Nascimento, Vigário encomendado. 1832 a 1833, Padre André Joaquim Aires do Nascimento, Vigário encomendado. De 1833 a 1834, Padre Manoel da Silva e Souza, Vigário encomendado. De 1834 a 1846, Padre Antônio Marques de Castilho, Vigário Colado e Padre Bernardino Pereira da Silva Lima, pró-pároco. Em 1846, Padre Ricardo Francisco de Lemos, Vigário encomendado. De 1846 a 1863, Padre Luiz Antônio Marques da Silva Guimarães, Vigário Colado. Em 1863, Padre José Maria Freire de Brito, Vigário encomendado. De 1863 a 1871, Padre Antônio Pereira de Oliveira Alencar, Vigário Colado. Em 1872, Padre Antônio Alexandrino de Alencar, pró-pároco, no exercício do vicariato. De 1872 a 1875, Padre Vicente Férrer de Pontes Pereira. Quando Lavras passou a cidade, em 20 de agosto de 1884, era vigário Padre Meceno Clodoaldo Linhares, natural do Icó, tomou posse em 24 de janeiro de 1875 até o dia 2 de janeiro de 1924, quando faleceu. Janeiro de 1924 a 13 de agosto de 1935, Padre Raimundo Augusto Bezerra. Fevereiro de 1935 a 31 de janeiro de 1936, Padre José Fernandes Medeiros. Fevereiro a dezembro de 1936, Padre Francisco de Assis Pita. Janeiro de 1937 a abril de 1938, Padre Osvaldo Rocha, interino. Maio de 1938 a setembro 1971, Padre Alzir Sampaio. Agosto de 1971 a janeiro de 1972, Padre José Alves de Oliveira, substituto. Fevereiro de 1972, Padre José Mota Mendes, substituto. Fevereiro de 1972 a janeiro de 1975, Padre José Adauto de Alencar. Janeiro a fevereiro de 1975, Padre José Francisco de Salatiel, substituto. Agosto de 1975 a agosto de 1980, Padre Manoel Alves Feitosa. 24 de agosto de 1980 a maio de 1992, Padre José Pereira de Lima. 5 de junho a julho de 1992, Padre José Coringa. 19 de julho de 1992 a 28 de fevereiro de 1993, Padre Clairton Alexandrino de Oliveira. 21 de março de 1993 a 24 de junho de 2001, Padre Afonso Alves. 25 de junho de 2001 até hoje, Padre Benedito Evaldo Alves.

O dia do Padroeiro, São Vicente Férrer, é 5 de abril. A paróquia pertence a diocese do Crato.

São Vicente Ferrer

São Vicente Férrer nasceu em Valência, na Espanha, em 1350. Abria seus olhos para um mundo marcado por múltiplas dificuldades. A “peste negra” havia assolado a Europa e, aos 13 anos de idade, ele já assistia a morte de várias pessoas com este mal. A Espanha era habitada por judeus e muçulmanos e, entre estes, os intelectuais e nobres da época, assim como povo e escritores havia grandes diferenças de classes, de deveres, de direitos. O ambiente religioso reinante ao longo de toda a vida de São Vicente Férrer foi cheio de conflitos. Basta dizer que havia um grande Cisma na Igreja, o Papa residia fora de Roma, em Avignon (França), por mais de 40 anos. Aos olhos dos cristãos, o pontificado havia perdido a unidade, a universalidade. Um agravante desta situação foram os impostos colocados ao povo pelo pontificado. Os italianos clamavam contra a “Ímpia Babilônia” (Avignon) e a desobediência aos papas da sede romana, alegando horrores feitos em nome da Igreja. Heresias surgiam no meio do povo e entre o próprio clero, que chegava a desconfiar da verdadeira autoridade papal. Neste clima social e religioso, enegrecido pela Cisma da Igreja desenvolveu-se a vida e pregação de São Vicente Férrer. Seu pai era Guilhermo Férrer e sua mãe se chamava Constanza Miquel. Eram ao todo 8 filhos: 3 homens e 5 mulheres. Os nomes conhecidos de seus irmãos são: Constanza, Francisca, Inês, Pedro e Bonifácio. De família tradicionalmente católica, Vicente e Bonifácio muito cedo se tornaram sacerdotes, mais precisamente frades dominicanos. Vicente Férrer estudou em Barcelona (Espanha) e Toulouse (França), onde se especializou no conhecimento das línguas orientais e na Sagrada Escritura. Nosso dominicano pregava pelo menos 3 sermões diários. Pregou na Espanha, Itália, França e Inglaterra, andando sempre a pé e acompanhado de grande multidão. Faziam parte de suas caminhadas, homens letrados, confessores, mendigos, escritores que anotavam seus sermões. Mais tarde, Vicente Férrer teve uma perna machucada que lhe causou certas dificuldades em seu trabalho missionário; passou a viajar em um burrinho e levava um pequeno órgão, com o qual compunha suas músicas. Apesar de sua aparência simples, Vicente Férrer foi um dominicano muito culto e sua cidade natal o agracia, até hoje, com muitos títulos: “O Apóstolo da Paz”, “O Patrono de Valência”, “Apóstolo da Europa” e “Doutor da Igreja”. Todos esses honrosos títulos originaram-se não só de suas pregações, conversões, milagres, mas também de seu trabalho político social que teve a oportunidade de desenvolver em toda sua vida, especialmente para pôr um fim no Grande Cisma da Igreja Ocidental. Foi chamado pelos seus conterrâneos do “Santo mais valenciano e do valenciano mais santo”. Pregou o Evangelho como o “Embaixador de Cristo”; foi um grande defensor da verdadeira fé e da unidade da Igreja, um batalhador pela paz entre os povos e defensor da reforma dos costumes.

Milagres atribuidos a São Vicente Ferrer

A Igreja romana, no processo de canonização de nosso padroeiro, constatou 873 milagres. Dizia Frei Luiz de Granada que São Vicente fazia milagres com a mesma facilidade com que nós levantamos o dedo. Santo Antonino atribuiu-lhe 25 ressurreições de mortos, milhares de conversões, curas de enfermos, reconciliação de inimigos, dom das línguas… Vejamos alguns milagres de nosso Santo padroeiro: Pregando sempre em seu dialeto valenciano, entendiam-no, não só os seus compatriotas, assim como os franceses, ingleses, alemães e outros povos com dialetos diferentes. Somente quem possui um dom sobrenatural conseguiria, todas às vezes, ser compreendido por estrangeiros, como foi São Vicente Férrer. Outro milagre relaciona-se com sua pregação ouvida à distância. Era feita ao ar livre, em praças imensas, em campo aberto, e ouvidas perfeitamente, por milhares de espectadores, sem contar com nenhum recurso de comunicação que temos em nossos dias. Em 1408, um monge que morava a uma distância de dez léguas do local de pregação de São Vicente conseguiu ouvi-lo e até anotar sua pregação. Foram devidamente comprovadas muitas profecias que realmente se cumpriram, pronunciadas por São Vicente. Muitos milagres relacionam-se com sua vida peregrina, inclusive uma multiplicação de víveres para sustentar uma numerosa multidão que o acompanhava. Uma passagem interessante é de uma mulher em desavenças com seu marido. São Vicente foi procurado por ela e aconselhou-a a encher sua boca de água do poço, enquanto seu marido discutia. Com o passar do tempo, o marido mudou totalmente de comportamento. Quando foi procurado sobre o valor da água do poço, São Vicente explicou: “Não é a água deste poço, nem sequer outra água qualquer; a virtude é escutar com paciência o marido irado; é o único modo de desarmá-lo e voltar a paz conjugal”. São Vicente Férrer faleceu no dia 5 de abril de 1419, na cidade de Vanes (França), onde se conservam suas relíquias. Foi canonizado pelo Papa Valenciano Calixto III, Alfonso de Borja, em 1455.

Histórias

Há várias histórias em nossa cidade sobre São Vicente. A primeira é que ele apareceu por intermédio dos romeiros que atraídos também pelo ouro, arrancharam-se sob uma árvore chamada mangabeira, nas imediações do Sítio Mangabeira.

Turismo

O Boqueirão

O Boqueirão, como o próprio nome indica, é a garganta aberta, na serra homônima, a cinco quilômetros da sede do município de Lavras da Mangabeira, pelo rio Salgado que, segundo o escritor e sociólogo Joaquim Alves, a cortou nos tempos das formações geográficas, com o volume das águas. Formada por duas partes descomunais, aberta, na própria rocha, a referida garganta, que dá vazão, através do Salgado, a todas as águas fluentes do sul do Estado, tem uma altura de noventa e três metros e uma largura de quarenta, com poço permanente á época da estação seca, constituindo uma das mais bonitas e fascinantes paisagens que o olho humano possa contemplar. É célebre a chamada Caverna do Boqueirão. Originária da desagregação da rocha, e com avultado comprimento, se bem que ignorado, demora essa gruta a cerca de cem palmos acima do nível do poço, apresentando a configuração de uma cúpula achatada e servindo de morada a morcegos. No século XIX, o Governo Imperial projetou a construção de um enorme reservatório no local. Os estudos foram confiados ao engenheiro inglês Jules J. Revy, que chegou a conclusão da inviabilidade do empreendimento, divido a diversos fatores, constantes do seu relatório, inclusive a fragilidade do rochedo nos encontros do muro e a dificuldade de se fazer um escoamento sobre a rocha sólida. A respeito do Boqueirão e suas lendas, é muito comum se ouvir estórias a respeito de fenômenos estranhos que ocorriam no local, tanto no fundo do poço, como no interior da gruta, as quais encontram guarida na crendice popular. Salas ricamente atapetadas, mesas e altares com lindíssimas toalhas, baixelas de metal precioso e um carneiro de ouro viam-se, ali, em determinadas circunstâncias, de envolta com os encantamentos próprios das fantasias. Dizia-se, por exemplo, que no fundo do poço, que é extenso e profundo, quando a água serenava, era visto um carneiro de ouro em pé sobre uma pedra, prenunciando ali haver um intenso cabedal subterrâneo. E nos escâncaros da gruta que só se pode chegar lá de balsas pelo poço e subir as escadas até lá, era vista uma mesa atoalhada, com baixelas de ouro e prata. E se alguém conseguisse de fora, alcançar com longas varas a tal mesa e derrubar toda aquela riqueza, atemorizava-se ao ver que em poucos minutos estava novamente composta.

“Até hoje o Boqueirão continua desaproveitado, sem explorar suas potencialidades turísticas. Enquanto isso permanece escondido e perdido, em pleno sertão cearense, o nosso velho e lendário Boqueirão de Lavras da Mangabeira, maravilha rústica, mas soberba e eterna, que, por ignorada, a história não incluiu entre as principais do mundo”. (Joaryvar Macedo – 1984).

Nossa bandeira

Por exigência do Governo do Estado do Ceará, em 1971, na primeira administração do prefeito de época o Sr. João Ludugero Sobreira foi criada a Bandeira do nosso Município. Projetada pelo professor José Airton Teófilo dos Santos e confeccionada pelas Irmãs Dorotéias de Fortaleza o nosso pavilhão consta de um retângulo dividido em dois triângulos. Um triângulo azul simbolizando a pureza e imensidão do céu. No seu ângulo reto traz as seis estrelas, representando a sede do município e seus distritos: Amaniutuba, Quitaíus, Arrojado, Mangabeira e Iborepi. O outro triângulo amarelo figura o ouro que o nosso município tinha. Nesse triângulo vê-se um escudo enseando o Boqueirão, um prêmio oferecido pela natureza aos lavrenses.

Distritos

Quitaíus

Está localizado entre as cidades de Aurora, Caririaçu e Granjeiro, tendo aproximadamente 5 mil habitantes (2005/IBGE). Um dos pontos turísticos do povoado é o Açúde do Rosário, inaugurado em 2001 quando o prefeito era Chico Aristides. Destaque também para a Catedral Nossa Senhora do Rosário e para as festas de épocas como a Festa da Padroera em outubro e as Festas Juninas no mês de junho.

Mangabeira (antigo São José)

Localizado entre os municípios de Cedro, Várzea Alegre e Granjeiro, tem mais de cinco mil habitantes (2008/IBGE). Tem a festa de São Sebastião em Janeiro que é tradicional e traz de volta à sua terra natal todos os mangabeirenses que moram em outros lugares, para matar a saudade desse lugar belo e aconchegante.

Arrojado (antigo Paiano)

Localizado próximo ao município de Cedro, é um povoado pequeno, com pouco mais de 1000 habitantes (2008/IBGE). A ferrovia que passa por dentro desse distrito ainda é o principal movimento desse lugar pacato. A festa de São Pedro é tradicional no mês de junho e ainda faz com que seus filhos ilustres voltem às suas origens. O decreto estadual n° 1156 de 4 de dezembro de 1933 criou o distrito de Paiano e pelo decreto estadual n°448 de 20 de dezembro de 1938 passou a denominar-se Arrojado. Hoje Arrojado como muitos distritos vive de agricultura de subexistencia(familiar), e ainda de criação de animais de pequeno porte e fruticultura. Banhado pelos riachos do Meio e Timbaúba que desemboca no Rio Salgado, sua flora é essencialmente de Caatinga e fauna de pequenos animais silvestres. A população na sua maioria é composta de agriculcultores com pequena participação urbana.

Amaniutuba (antigo Ouro Branco)

Localizado entre os municípios de Baixio, Umari e Icó, tem cerca de quatro mil habitantes (2008/IBGE). A linha de ferro passa dentro desse distrito e continua sendo o principal movimento dessa localidade. Amaniutuba foi famosa devido a produção de algodão, por isso denominado Ouro Branco, também produção de sabão quando existia a Brasil Oiticica, prédio demolido e hoje construídas várias casas no lugar, mas tudo acabou com o tempo e hoje só restam lembranças daquela época tão promissora ao desenvolvimento. Tem duas festas tradicionais durante o ano, do padroeiro São José em março e do co-padroeiro São Francisco em outubro, além dos festejos juninos que são tradicionais nesse distrito.

Iborepi (antigo Riacho Fundo)

Localizado próximo ao município de Aurora, tem cerca de 1000 habitantes (2008/IBGE). A ferrovia que passa dentro desse distrito ainda é o principal movimento desse lugar. Tem a festa de Nossa Senhora das Candeias que é tradicional entre o fim de janeiro e o começo de fevereiro.

Localidades/povoados

  • Sítio Patos 1 e 2 (divisão feita pelo rio Salgado).
  • Juazeirinho
  • Carnaubinha
  • Limoeiro
  • Pimentas

  1. ? 1,0 1,1 Divisão Territorial do Brasil. Divisão Territorial do Brasil e Limites Territoriais. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (1 de julho de 2008). Página visitada em 11 de outubro de 2008.
  2. ? Estimativas da população para 1º de julho de 2009 (PDF). Estimativas de População. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (14 de agosto de 2009). Página visitada em 16 de agosto de 2009.
  3. ? Ranking decrescente do IDH-M dos municípios do Brasil. Atlas do Desenvolvimento Humano. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) (2000). Página visitada em 11 de outubro de 2008.
  4. ? 4,0 4,1 Produto Interno Bruto dos Municípios 2002-2005. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (19 de dezembro de 2007). Página visitada em 11 de outubro de 2008.