Desmembrado da cidade de Caratinga, fora emancipado em 22 de outubro de 1995.Os seiscentos tiros que pararam os passos do “caudilho” e atrasaram a vida de Imbé:
Corre o ano de 1930. O Brasil é governado pelo presidente Washington Luíz e passa por um momento revolucionário, liderado pelos governadores de Minas Gerais, Paraíba e Rio Grande do Sul. Nessa época, os municípios eram administrados por Juntas Governativas e, em Caratinga, o Sr. Rafael da Silva Araújo, de maneira autoritária e antidemocrática, e ainda desrespeitando o que havia sido resolvido em uma reunião dos líderes locais, indica o seu genro, o coronel Antônio (Nico)Fernandes da Silva, para Chefe Político do município. A escolha dos líderes havia recaído sobre a pessoa do Dr. Agenor, homem que gozava do respeito de toda a população e, assim, a atitude do Sr. Rafael gerou grande descontentamento.
Na verdade, esse procedimento do Chefe Político não causa nenhuma estranheza, pois a vida política de Caratinga sempre fora marcada por esses lances. A insentatez e o jogo de interesses era regra geral por ali. Foi assim, por exemplo, que o Dr. José Augusto Ferreira Filho iniciou a sua carreira política, terminando por alcançar destaque no cenário político nacional, como Senador “biônico” (substituindo Milton Campos), pelo estado de Minas Gerais.
Ao homem comum do povo, que vivia nessa época, não restava senão deixar a vida correr, sob o efeito dos ventos soprados pelos “coronéis”, que faziam e desfaziam, punham e dispunham de destinos e vidas… de coisas, de bichos, e de gente. Aos donos do poder só o próprio poder interessa. O povo tem que continuar ignorante e necessitado. Só assim, continuará dependente e submisso.
No pequeno distrito de Imbé, porém, começa a surgir uma brisa de esperança, contra aquele estado de coisas, àquela existência modorrenta e estagnada, a quem pareciam estar condenados os pequenos povoados. Aqui e ali, surgem manifestações de insatisfação, anseios de progresso. As facções políticas locais acirram a luta para arrebanhar simpatizantes. O distrito ameaça incendiar-se. De um lado os velhos e eternos mandantes esforçam-se para deixar as coisas como estão; de outro, líderes com novas idéias pregam a renovação, o rompimento com as regras caducas. O povo tem que fazer sua escolha: se permanece sob o jugo dos “caranguejos”, comandados à distância, de Inhapim, pelo chefe Joaquim da Silva Araújo (Quinquim da Silva) ou se alinham com as novas idéias dos “bacuraus”, liderados por Joaquim Cândido da Silva, também chamado o “Caudilho”.